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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Entrevista sobre Dança em Cadeira de Rodas


Curso de Fisioterapia da UNIVERSO
Disciplina: Recursos Terapêuticos da Psicomotricidade
Prof. Blair José Rosa Filho
Acadêmicos: Carolina de Araujo Ferreira, Júlia de Alcântara Pereira e Luciana da Silva Couto

Entrevista
Dança em Cadeira de Rodas
Profª Ms. Soyane Vargas
CREF.014045 –GRJ

1-Como o esquema corporal é trabalhado em um deficiente físico que vai precisar utilizar a cadeira de rodas de forma independente, ou seja, de forma que ele mesmo guie na dança em cadeira de rodas?

R= Em geral, estimulamos os sentidos remanescentes e a consciência corporal. Além disso, buscamos de cada aluno e aluna a melhor forma que estes podem tocar a cadeira, orientando as variações de toques para frente, para trás, para direita, para esquerda, giros completos e meio giro. No entanto, o melhor desempenho irá depender de cada pessoa e do nível de deficiência que ela possui, para que se possa ter um resultado eficaz.

2 - Qual a importância da psicomotricidade na relação cadeirante e andante, na dança em cadeira de rodas?

R= A importância está na reorganização espaço/temporal de ambos, que deve ser vivenciada a partir de experimentações com segurança, de movimentos dinâmicos, estáticos e em deslocamento, um com o outro. Na dança em cadeira de rodas, tanto o cadeirante quanto o andante, devem ser atuantes no processo, mesmo quando o andante conduz o cadeirante. A percepção, a postura, a forma de pegada das mãos, as variações de tensão e relaxamento necessários ao movimento, devem estar presentes em ambos os bailarinos, cadeirantes e andantes. E isso só desenvolvemos a medida que utilizamos as estruturas psicomotoras, em consonância com o estilo de dança a ser trabalhado.     

3 - Até que ponto a dança associada à psicomotricidade é capaz de estimular e contribuir para a reabilitação de um segmento acometido?

R= Devemos ressaltar que reconhecemos o caráter terapêutico da dança para pessoas com deficiência, contudo não atuamos com dança terapia em nosso projeto.  De acordo com a prática da dança e as orientações de bom aproveitamento dos movimentos, observamos o alcance dos benefícios inerentes à prática da dança. Trabalhamos de forma global, onde temos como objetivos o aprimoramento da consciência corporal, do ritmo, da flexibilidade e da força, bem como a socialização, a melhoria da auto-estima e construção do senso estético. No entanto, não atuamos especificamente na reabilitação de um segmento acometido. Temos os cuidados necessários de acordo com a característica de cada deficiência e de cada pessoa.  Além disso, acreditamos que a disponibilidade de cada pessoa, ou seja, o querer fazer, a motivação são, sem dúvida, fatores que influenciam bastante no desenvolvimento de cada pessoa e, consequentemente, em sua reabilitação. Não definimos um limite, porque é justamente na interação e no processo que podemos perceber até que ponto a dança e a psicomotricidade associadas, podem contribuir para reabilitação de um segmento acometido e, principalmente, para melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência. Nossa experiência demonstra que, em geral, nos surpreendemos com os resultados obtidos. Atribuímos a isso a qualidade do trabalho e a motivação que a dança favorece, por seu caráter lúdico e prazeroso.

4 - Na elaboração das coreografias você se reúne com seus alunos e pede que os ajude de acordo com suas limitações, ou elabora os exercícios sozinha, visando uma superação?

R= Um bom coreógrafo jamais elabora suas coreografias sozinho. Os movimentos, o tema, a música devem ser compartilhados e sugeridos por todos aqueles envolvidos na atividade, por meio de pesquisa e laboratório de movimento, mediados pelo professor/coreógrafo. Independente de ser pessoa com ou sem deficiência. No entanto, nosso foco não é na limitação, mas no potencial de cada bailarino, naquilo que ele pode realizar com segurança e qualidade artística.

5 - Vocês recebem pessoas que ainda estão naquele estágio de não aceitação pessoal ou até mesmo com depressão devido a sua limitação? Existe um tipo de abordagem diferenciada com eles?

R= Quando observamos esse fato procuramos respeitar o desejo da pessoa. Mesmo aquelas pessoas que já estão reabilitadas podem apresentar momentos de dúvidas, angústia e tristeza, entendemos também que estas fazem parte da vida. No entanto, em alguns casos quando identificamos sinais de depressão, orientamos a família e, no caso de adultos, a própria pessoa para procurar ajuda profissional.  Em geral, as aulas de dança são bem animadas, o que contribui para que a pessoa se sinta um pouco mais alegre naquele momento, mas já tivemos alguns casos de desistência e desmotivação com a prática da dança. Em nossa equipe não contamos com psicólogos que pudessem atuar com essa abordagem mais diferenciada.

6 - Como você vê a atuação da musicoterapia na vida dessas pessoas?
Qual a relação da música/ dança com a melhora da coordenação motora destes?


R= Como respondi anteriormente, não trabalhamos com terapia propriamente dita. Na história da dança, a música sempre esteve presente. Ela ajuda compor a questão rítmica do movimento e pode facilitar a coordenação motora, quando os movimentos são realizados de acordo com as frases musicais e os arranjos utilizados. Contudo, mesmo a música estando intimamente ligada à dança, ao mesmo tempo são independentes. Podemos dançar sem música, com base no ritmo do corpo, ou até mesmo elaborar sons com o próprio corpo. Tudo dependerá da proposta a ser desenvolvida. Por outro lado, no trabalho com dança a música pode ser um fator motivacional importante, pois cada música pode estar relacionada a um contexto histórico importante e/ou fazer parte da história de vida de cada pessoa. Esse fato pode favorecer o aprendizado dos movimentos e estimular a realização dos mesmos com mais entrega e satisfação. 


Equipe
Dayana Santos
José Guilherme Almeida
Soyane Vargas



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