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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Entrevista sobre Dança em Cadeira de Rodas


Curso de Fisioterapia da UNIVERSO
Disciplina: Recursos Terapêuticos da Psicomotricidade
Prof. Blair José Rosa Filho
Acadêmicos: Carolina de Araujo Ferreira, Júlia de Alcântara Pereira e Luciana da Silva Couto

Entrevista
Dança em Cadeira de Rodas
Profª Ms. Soyane Vargas
CREF.014045 –GRJ

1-Como o esquema corporal é trabalhado em um deficiente físico que vai precisar utilizar a cadeira de rodas de forma independente, ou seja, de forma que ele mesmo guie na dança em cadeira de rodas?

R= Em geral, estimulamos os sentidos remanescentes e a consciência corporal. Além disso, buscamos de cada aluno e aluna a melhor forma que estes podem tocar a cadeira, orientando as variações de toques para frente, para trás, para direita, para esquerda, giros completos e meio giro. No entanto, o melhor desempenho irá depender de cada pessoa e do nível de deficiência que ela possui, para que se possa ter um resultado eficaz.

2 - Qual a importância da psicomotricidade na relação cadeirante e andante, na dança em cadeira de rodas?

R= A importância está na reorganização espaço/temporal de ambos, que deve ser vivenciada a partir de experimentações com segurança, de movimentos dinâmicos, estáticos e em deslocamento, um com o outro. Na dança em cadeira de rodas, tanto o cadeirante quanto o andante, devem ser atuantes no processo, mesmo quando o andante conduz o cadeirante. A percepção, a postura, a forma de pegada das mãos, as variações de tensão e relaxamento necessários ao movimento, devem estar presentes em ambos os bailarinos, cadeirantes e andantes. E isso só desenvolvemos a medida que utilizamos as estruturas psicomotoras, em consonância com o estilo de dança a ser trabalhado.     

3 - Até que ponto a dança associada à psicomotricidade é capaz de estimular e contribuir para a reabilitação de um segmento acometido?

R= Devemos ressaltar que reconhecemos o caráter terapêutico da dança para pessoas com deficiência, contudo não atuamos com dança terapia em nosso projeto.  De acordo com a prática da dança e as orientações de bom aproveitamento dos movimentos, observamos o alcance dos benefícios inerentes à prática da dança. Trabalhamos de forma global, onde temos como objetivos o aprimoramento da consciência corporal, do ritmo, da flexibilidade e da força, bem como a socialização, a melhoria da auto-estima e construção do senso estético. No entanto, não atuamos especificamente na reabilitação de um segmento acometido. Temos os cuidados necessários de acordo com a característica de cada deficiência e de cada pessoa.  Além disso, acreditamos que a disponibilidade de cada pessoa, ou seja, o querer fazer, a motivação são, sem dúvida, fatores que influenciam bastante no desenvolvimento de cada pessoa e, consequentemente, em sua reabilitação. Não definimos um limite, porque é justamente na interação e no processo que podemos perceber até que ponto a dança e a psicomotricidade associadas, podem contribuir para reabilitação de um segmento acometido e, principalmente, para melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência. Nossa experiência demonstra que, em geral, nos surpreendemos com os resultados obtidos. Atribuímos a isso a qualidade do trabalho e a motivação que a dança favorece, por seu caráter lúdico e prazeroso.

4 - Na elaboração das coreografias você se reúne com seus alunos e pede que os ajude de acordo com suas limitações, ou elabora os exercícios sozinha, visando uma superação?

R= Um bom coreógrafo jamais elabora suas coreografias sozinho. Os movimentos, o tema, a música devem ser compartilhados e sugeridos por todos aqueles envolvidos na atividade, por meio de pesquisa e laboratório de movimento, mediados pelo professor/coreógrafo. Independente de ser pessoa com ou sem deficiência. No entanto, nosso foco não é na limitação, mas no potencial de cada bailarino, naquilo que ele pode realizar com segurança e qualidade artística.

5 - Vocês recebem pessoas que ainda estão naquele estágio de não aceitação pessoal ou até mesmo com depressão devido a sua limitação? Existe um tipo de abordagem diferenciada com eles?

R= Quando observamos esse fato procuramos respeitar o desejo da pessoa. Mesmo aquelas pessoas que já estão reabilitadas podem apresentar momentos de dúvidas, angústia e tristeza, entendemos também que estas fazem parte da vida. No entanto, em alguns casos quando identificamos sinais de depressão, orientamos a família e, no caso de adultos, a própria pessoa para procurar ajuda profissional.  Em geral, as aulas de dança são bem animadas, o que contribui para que a pessoa se sinta um pouco mais alegre naquele momento, mas já tivemos alguns casos de desistência e desmotivação com a prática da dança. Em nossa equipe não contamos com psicólogos que pudessem atuar com essa abordagem mais diferenciada.

6 - Como você vê a atuação da musicoterapia na vida dessas pessoas?
Qual a relação da música/ dança com a melhora da coordenação motora destes?


R= Como respondi anteriormente, não trabalhamos com terapia propriamente dita. Na história da dança, a música sempre esteve presente. Ela ajuda compor a questão rítmica do movimento e pode facilitar a coordenação motora, quando os movimentos são realizados de acordo com as frases musicais e os arranjos utilizados. Contudo, mesmo a música estando intimamente ligada à dança, ao mesmo tempo são independentes. Podemos dançar sem música, com base no ritmo do corpo, ou até mesmo elaborar sons com o próprio corpo. Tudo dependerá da proposta a ser desenvolvida. Por outro lado, no trabalho com dança a música pode ser um fator motivacional importante, pois cada música pode estar relacionada a um contexto histórico importante e/ou fazer parte da história de vida de cada pessoa. Esse fato pode favorecer o aprendizado dos movimentos e estimular a realização dos mesmos com mais entrega e satisfação. 


Equipe
Dayana Santos
José Guilherme Almeida
Soyane Vargas



quarta-feira, 24 de outubro de 2012

CENTRO CULTURAL DO CETEP BARRETO

CENTRO CULTURAL DO CETEP BARRETO

RECEBE CIA DE DANÇA CONTEMPORÂNEA DA UFRJ


Arte para superar limites


A bela poesia do professor Marcos Guayba em homenagam ao nosso Espetáculo Tessitura.


TESSITURA
Marcos Guayba

O que se tece quando o homem dança?
Quando dança a mulher e a criança que em todos dança?

Tecer a vida é nossa paixão.
Tecidos pela música, desenhamos no ar.
O apelo de Sofia de tudo dançar.
Berrando com o corpo nosso anseio de amar.
Forjado nessa arte que faz o luto dançar.

O devir louco movendo o por vir do dia.
Como uma farpa arrancada à musica.
Como uma harpa tocada pela musa.
Dançando como se tecesse do amor o fado.

E também tecedor da ternura,
que tece no pano delicado a urdidura
De um mundo imenso na candura.
De uma paixão ávida sem usura.

Mas nas tramas do movido,
barreiras quase intraduzíveis,
compõem o cenário do puído,
onde amores indisponíveis
rasgam o pano já urdido.

A entretecida vitória do amor,
É a fortuna do linho já tecido,
Que orna a mão do tecedor,
Com a jóia do envido.

Toda intriga é desordem,
 Toda vida é tecelagem.
Todo caos é um badalo,
Mas no amor eu me embalo.

O primevo sempre avança,
desde a fera que se apossa,
da beleza do que possa
transformar-se em outra bossa.

No salão da liberdade
Soa a música da saudade,
 De uma nova humanidade
Em nós como herdade.

O espetáculo é como uma rua,
Além desta dança que é nua.
Agrega a si como uma lua,
O antigo e o que continua.


A tecedura e a tessitura
são os fios da indumentária.
Deste  fazer que é ternura
Desta vida que larvária.


domingo, 9 de setembro de 2012

Cia Holos de Dança e Cia Viviane Macedo


Espetáculo Tessitura no Teatro Trianom em Campos dos Goytacazes/ RJ
http://youtu.be/JHzlmeAWXRw
http://youtu.be/6KRQI98zFmc
http://youtu.be/-JOKiEN39yM


O III Congresso de Dança Campos abordou diversos estilos no universo da dança:  http://www.congressodedancacampos.com.br/ 

Neste ano, a dança inclusiva com cadeira de rodas ganhou destaque com a Cia Holos de Dança e a Cia Viviane Macedo. 


Orgulhosa por este trabalho, obrigada a todos vcs que acreditaram que daria certo: http://youtu.be/htG0w42EWgE


Iniciamos nossa participação com a palestra da profª Ms Soyane Vargas,  "Desmistificando a dança inclusiva com cadeira de rodas: didática e composição coreográfica", relatando sua experiência nesse campo de atuação desde 1999, quando iniciou seu mestrado, na linha da educação especial. 


Após a palestra, estreamos o espetáculo Tessitura da Cia Holos de Dança com participação especial da penta campeã de dança esportiva em cadeira de rodas Viviane Macedo e seu coreógrafo/bailarino Luiz Claudio Passos, da bailarina argentina Estefânia Gulla e do músico Bruno de Azevedo. Ficamos encantados com a reação do público, que vibrava a cada apresentação. Constituído por bailarinos com e sem deficiência, nosso espetáculo demonstrou que o acesso a arte da dança é um direito de todos, e quando desenvolvida com seriedade e técnica, ocupa o palco com louvor, como merece a dança espetáculo. Quebrando paradigmas, mas acima de tudo se firmando como  nova possibilidade de estilo de dança. 

Homenagem à Sofi


Nosso espetáculo tem uma ideia simbiótica e híbrida, demonstrada nas características individuais de cada bailarino, que se refletiu na escolha das músicas e nas composições coreográficas, em uma conexão em rede. Das tessituras musicais à tessitura da própria vida, destacando a teoria do caos, onde fractais em sua desordem formam as estruturas, a ordem na desordem. Percorrendo esse caminho,  demonstramos que a vida é parte desse tecer, da construção do real, do estado de devir, que é tecido no hoje. Assim como as notas musicais compõem melodias harmoniosas ou não, tecemos a vida com nossas necessidades, nossos amores, nossas paixões. As tessituras são aquilo que nos move. 



Ficha Técnica:

Bailarinos:

Alessandra Gomes
Raphael Victor
Natália Caetano
João Pedro Fraga
Guilherme Almeida
Dayana Santos
Tathyani Ramos

Coreógrafos:

Soyane Vargas
Guilherme Almeida
Dayana Santos

Participação Especial:

Viviane Macedo
Luiz Claudio Passos
Estefania Gulla
Bruno de Azevedo

Produção:

Luiz Miguel Pereira

Direção: Soyane Vargas

Apoio:

UNIVERSO



Rede de Drogarias Tamoio 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

APRESENTAÇÃO NO CENTRO CULTURAL DO CETEP BARRETO

Com o apoio do Centro Cultural do CETEP Barreto, sob a coordenação da Profª Vilma Isabel. A Cia Holos de Dança, com participação especial de Viviane Macedo e Luiz Claudio Passos, apresentou-se no auditório da FAETEC.

Nossos agradecimentos aos alunos do curso de teatro e aos professores Otávio Moreira,  Bruno de Azevedo e Marcos Guaíba. Além da cobertura do Spotligthinteratividade,  que deu um show de profissionalismo e qualidade técnica:
http://www.spotlightinteratividade.com/entretenimento/teatro-e-cinema/uma-licao-de-vida-vivendo-e-aprendendo/




terça-feira, 31 de julho de 2012

Espetáculo Tessitura


APRESENTA

ESPETÁCULO TESSITURA


Das tessituras musicais à tessitura da própria vida, destacando a teoria do caos, onde fractais em sua desordem formam as estruturas, a ordem na desordem. Percorrendo esse caminho,  demonstraremos que a vida é parte desse tecer, da construção do real, do estado de devir, que é tecido no hoje. Assim como as notas musicais compõem melodias harmoniosas ou não, tecemos a vida com nossas necessidades, nossos amores, nossas paixões. As tessituras são aquilo que nos move. 

Direção:

Soyane Vargas

Coreógrafos:

Soyane Vargas
Guilherme Almeida
Dayana Santos

Bailarinos:

Alessandra Gomes
Raphael Victor
Natália Caetano
João Pedro Fraga
Guilherme Almeida
Dayana Santos
Tathyani Ramos

Participação Especial:

Viviane Macedo
Luiz Claudio Passos
Estefania Gulla
Bruno de Azevedo

Produção:

Luiz Miguel Pereira

Apoio:

UNIVERSO



Rede de Drogarias Tamoio 


Estreia 
Teatro Trianom
Congresso de Dança
Participem!!!
Grandes profissionais reunidos em um só evento.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Cia Holos de Dança

Nosso dedicado professor e grande bailarino José Guilherme de Andrade publica sobre dança inclusiva.


Amamos vc Guiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!!!!

http://alexbarbosapersonal.blogspot.com.br/2012/07/danca-inclusiva.html?spref=fb

segunda-feira, 9 de julho de 2012

A arte quebra barreiras internas

Cia Holos de Dança


"A arte se não for para todos não pode ser arte, porque ela conta história, quebra paradigmas e toca o que há de mais sensível em nós" (Soyane Vargas)
 Ainda há muito o que se fazer para inclusão social das pessoas com deficiência, as barreiras arquitetônicas são inúmeras e desmotivantes muitas vezes, mas a quebra das barreiras atitudinais (internas) é fundamental para que possamos fazer valer os direitos de cada cidadão. E a arte é apenas um desses caminhos.

Apreciem nossa arte

Nossa última apresentação na REACESS foi uma grande oportunidade de descobertas e felicidades.
Pudemos rever pessoas queridas e encantar com nossa arte.
Sem o apoio da UNIVERSO e da Rede de Dragarias Tamoio esse espetáculo não teria sido possível.



Além da Confederação Brasileira de Dança em Cadeira de Rodas da qual temos a satisfação de ser filiados.

Tenho muito orgulho de fazer parte dessa Cia e conhecer pessoas tão maravilhosas.





MOVIMENTO É VIDA!!!

terça-feira, 29 de maio de 2012

SER CIDADÃO - BE A CITIZEN

Ser Cidadão! 
O conceito de cidadania nos remete a conquista de direitos, mas paralelamente a esta conquista aumentamos também nossos deveres. Pois, em um delicioso paradoxo, o cumprimento de nossos deveres pode garantir de forma plena nossos direitos. E esse exercício nem sempre é fácil, muitas vezes sofrido. Em outras confundido com atitudes paternalistas e assistencialistas.
Só sou a favor de medidas assistencialistas no caso de enfermidades, extrema miséria e/ou em ajuda, logicamente necessária, às vítimas de catástrofes. Ao contrário não ajudamos as pessoas a crescerem e a se desenvolverem, mas a cruzar os braços e esperar que a ajuda bata em suas portas. 

O capitalismo ocidental vem fracassando e o Welfare State (estado de bem estar social) também. Isto porque não foi capaz de contribuir para construção de autonomia da maioria daquelas pessoas, mas pode contribuir para acomodação, dependência e, no caso do Brasil, para fraudes e corrupção.

Acredito que pequenas atitudes geram grandes mudanças. Podemos começar refletindo sobre isso hoje, colocando em prática o respeito às identidades. Especialmente incorporar o conceito de alteridade em nossas vidas, o sentido do outro, nosso direito (identidade) e o direito do outro (alteridade). 
Essas reflexões podem gerar práticas em benefícios coletivos, a medida que estabelecemos vínculos e compromissos com nossos deveres e ao que for combinado com o grupo em que atuamos. Temos uma "certa" liberdade para isso, temos  "algum" direito de escolha. Contudo, quanto maior a liberdade,  maior a responsabilidade que devemos ter conosco e com o próximo. Próximo? É sim, o próximo!!! Porque somos seres sociais e não vivemos sozinhos! Dependemos um do outro.... 
Alguém duvida disso?



Teoria do Caos 
Estamos conectados uns com os outros e com a natureza.
PEQUENAS ATITUDES PODEM GERAR GRANDES MUDANÇAS


sexta-feira, 27 de abril de 2012

Desabafo sobre Escola e Inclusão


Que história quero escrever como professora e cidadã?
Professores e alun@s que fazem parte da minha história.


Muitas vezes ouço colegas de profissão dizendo que não foram preparados para trabalhar com as pessoas com deficiência. Nós não fomos preparados é para trabalhar com as diferenças!!!! Além disso, o processo de construção de conhecimento vai além da graduação, se não fomos preparados na graduação devemos continuar aprendendo durante nossa atuação, no dia a-dia. 

A inclusão das pessoas com deficiência na escola e na sociedade, na verdade traz à tona a deficiência dessas instituições e não das pessoas que estão inseridas nela. E isso sim é fantástico!!! 

Pena que poucos percebem isso. Poucos já perceberam que quando nos debatemos para ministrar uma aula que atenda também às pessoas com deficiência, na verdade estamos nos tornando mais criativos, sensíveis às diferenças humanas e, de fato, mais acessíveis a todos os outros (com e sem deficiência). 

Se muitas vezes a falta de entendimento sobre um assunto ou a diversidade de entendimentos sobre um conteúdo, possa  passar despercebido nas classes ditas  "normais", na classe que tem uma criança com deficiência isso é gritante!!!  

No entanto, na realidade a inclusão tem sido sofrida por essas crianças, adolescentes e adultos. Elas são parte do processo e das tentativas, ora vitoriosas e ora fracassadas, de inclusão.  Na maioria das vezes pela forma de organização desses locais, da falta de investimento, gestão e, principalmente, vontade. 

A questão da acessibilidade é outro ponto fundamental. Com base na definição adotada em 2006 pela Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência e ratificada pelo Decreto 6.949/2009, que ressalta a questão dos impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, mas principalmente, o quanto as barreiras podem prejudicar a interação com o meio ambiente e a sociedade. Desta forma, somente uma mudança radical da estrutura arquitetônica e organizacional poderão favorecer que esta  inclusão possa ser plena, que saia do papel. Li outro dia no facebook e concordo: "Sem acessibilidade não há inclusão"


Soyane Vargas

terça-feira, 17 de abril de 2012

Definição do Conceito de Dança Inclusiva com Cadeira de Rodas


O Grupo Holos tem como meta não só a criação e a manutenção de uma Companhia de dança, mas também o projeto social e o grupo de pesquisa nessa área do conhecimento, visando a valorização e a expansão com qualidade da dança inclusiva com cadeira de rodas.

Ao pesquisar a definição de dança inclusiva não conseguimos encontrar na literatura um conceito que abrangesse nossa linha de trabalho, sendo assim decidimos criar um que melhor definisse a abrangência desse estilo de dança. Estilo? Sim, estilo porque reelaboramos e reconstruímos novas composições artísticas nas aulas e elaborações coreográficas. 

Assim, criamos o conceito de  DANÇA INCLUSIVA COM CADEIRA DE RODAS, que visa especificar melhor a definição de dança para todos, sem que se perca  as características, atenção e valorização da dança para pessoas com deficiência na perspectiva da inclusão. 

Leiam, analisem e opinem sobre nosso artigo, para que possamos criar esse espaço de discussão, enviando email para ciaholosdedanca@gmail.com:


Autores:

José Guilherme Almeida
Soyane Vargas
Dayana Ferreira dos Santos

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Dia Mundial do Autismo





No dia 02 de abril de 2012 estivemos presentes no evento do Teatro João Caetano, no município de Itaboraí, para comemorar o Dia Mundial de Conscientização sobre o  Autismo. 

Uma grande vitória para as pessoas com autismo foi a inclusão dessa e outras doenças psicossociais na Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência (2006), ratificada no Brasil pelo Decreto 6.949, de 25/8/09 . De acordo com a Convenção:  “Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas” (ONU, 2006).

Em minha fala nesse evento, destaquei essa importante conquista e ressaltei o valor não só do respeito às diferenças, mas da apreciação pela diversidade.

Nossa Companhia de Dança estava presente e fomos muito bem representados no palco pelo professor Guilherme Almeida e nossa Bailarina Alessandra Gomes.

domingo, 1 de abril de 2012

CIA HOLOS DE DANÇA

Grupo de Dança Inclusiva com Cadeira de Rodas

A dança inclusiva com cadeira de rodas é uma possibilidade de se desenvolver a arte da dança através de seus diversos estilos, como forma de comunicação e expressão, além de ser um excelente meio de prática de atividade física e integração entre pessoas com e sem deficiência, usuárias e não usuárias de cadeira de rodas.

                                                     

sexta-feira, 16 de março de 2012

Minha entrevista à Adriana Lage da REDE SACI da Universidade de São Paulo

http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=33940

Falando sobre dança com Soyane Vargas

Rede SACI
Belo Horizonte-MG, 16/03/2012

O texto de hoje fala sobre dança, uma das coisas mais gostosas dessa vida

Adriana Lage
O texto de hoje fala sobre dança. Uma das coisas mais gostosas dessa vida. Como cadeirante, sinto falta de poder dançar um forrozinho. Acho muito legal. Imagino que dançar seja mais ou menos como flutuar, estar apaixonada, sentir nossos pés saírem do chão. Ganhar asas e voar muito além do horizonte. Ainda não tive a oportunidade de fazer uma aula de dança, mas, em breve, pretendo experimentar essa sensação que deve ser única. Não é à toa que a dança em cadeira de rodas está entre os esportes paraolímpicos. Para falar um pouco sobre os benefícios da dança, conversei com a professora de educação física Soyane Vargas. Ela mora em Niterói/RJ e é mestre em educação, na linha de educação especial pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Vamos conhecer um pouquinho mais sobre essa brilhante mulher e sobre o belo trabalho que realiza.

Adriana Lage: Soyane, conte-nos um pouco sobre seu trabalho. Você trabalha com outras áreas da educação física ou apenas com a dança?
Soyane Vargas: Sou professora da Fundação de Apoio à Escola Técnica – FAETEC e da Fundação Municipal de Educação de Niterói. Trabalho com dança desde 1984 e, desde 1996, desenvolvo pesquisa e promovo encontros, seminários e espetáculos de dança, além de participar de comissão organizadora de eventos ligados à área da educação inclusiva e educação física. Fui professora universitária na Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) e professora substituta na Universidade Federal Fluminense (UFF) e na UERJ.
Meu mestrado foi na área de dança e ginástica para idosos cegos. Em 2004, fui responsável pela elaboração e execução do projeto Hip Hop na Escola Municipal Paulo Freire, em Niterói/RJ, onde participavam crianças das classes regulares e das turmas bilíngües, ou seja, turmas que tinham alunos e alunas com deficiência auditiva e/ou deficiência múltipla. Por seis (06) anos, aproximadamente, coordenei, produzi e coreografei nos espetáculos do Projeto Dançarte, da Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (ANDEF) e fui uma das coreógrafas do Corpo em Movimento.
Atualmente trabalho também como professora de educação física para as séries iniciais do ensino fundamental e como professora de expressão corporal no curso de teatro da FAETEC, ambos em Niterói.
Adriana Lage: De onde surgiu a vontade de ser uma educadora física? Essa profissão é bem valorizada em nosso país?
Soyane Vargas: Minha família sempre valorizou a prática de atividade física. Na adolescência comecei a praticar dança e este foi o primeiro caminho escolhido para atuar como profissional. A educação física surgiu depois em 1986, como uma possibilidade mais ampliada de atuação. Daquela época até os dias hoje, a profissão avançou bastante em termos da qualidade dos profissionais e das pesquisas acadêmicas, mas em relação à valorização profissional não considero que tenha havido avanço significativo.
Adriana Lage: Aqui em BH, sinto falta de bons profissionais da educação física para atender pessoas com deficiência. A que atribui esse fato?
Soyane Vargas: Especificamente em relação à Belo Horizonte não saberia lhe responder, mas pela experiência que tenho, observo que ainda ocorrem muitas dúvidas sobre o “como” trabalhar com as pessoas com deficiência. Alguns profissionais que conheço se sentem incapazes, tem certo receio ou optam por outros campos de atuação, já que a educação física possibilita um ‘leque’ de oportunidades de trabalho.
Adriana Lage: Como a dança surgiu em sua vida? O que ela representa?
Soyane Vargas: Como disse anteriormente, a paixão pela dança surgiu em minha própria família. Para mim a dança representou uma forma de redenção, já que sempre fui uma criança e uma adolescente muito tímida e com baixo autoestima. Por meio da dança, pude me reconhecer como pessoa com potencialidades e limites. E hoje ela representa a possibilidade de criação, expressão de sentimentos, forma de comunicação e oportunidade de inclusão social. E isso é fantástico em minha vida! Agradeço ao amigo Prof. Alexandre Medeiros da UNIVERSO, por ter me dado a oportunidade de voltar a trabalhar com dança, com um salário digno e com excelentes condições de trabalho. Digo que ele foi o grande responsável por reacender essa paixão adormecida em mim, por algum tempo.
Adriana Lage: Assim como no esporte, a dança também traz uma série de benefícios para as pessoas, sobretudo, quando possuem alguma deficiência. Para você, quais são as principais vantagens de uma pessoa com deficiência praticar dança?
Soyane Vargas: Como você mesma descreve em sua pergunta, os benefícios da dança são comuns a todas as pessoas, com ou sem deficiência. Na literatura encontramos muitos exemplos disso. No que tange aos benefícios biopsicosociais, é notória a ampliação do repertório de movimentos; o aprimoramento da coordenação motora e da consciência corporal, além da melhoria da autoestima e da sensação prazer e bem estar dos praticantes. Em recente pesquisa realizada por mim e dois estudantes de educação física da UNIVERSO, a Dayana Santos e o Guilherme Almeida, identificamos os benefícios percebidos pelas próprias pessoas com deficiência, praticantes de dança inclusiva. Foram destacados por eles os seguintes pontos: melhor sensação de bem-estar; melhor relação com o próprio corpo; melhoria no relacionamento social; oportunidade de prática de atividade física, possibilidade de aquisição de conhecimento, possibilidade de profissionalização e realização de um sonho. Foi muito interessante constatar os benefícios da dança defendidos pela literatura existente, através do depoimento daquelas pessoas com deficiência.
Adriana Lage: E as desvantagens? Existem?
Soyane Vargas: Não sei bem se são desvantagens, mas alguns desafios precisam ser enfrentados. Nessa mesma pesquisa identificamos as seguintes dificuldades: problemas relacionados à utilização da cadeira de rodas; dificuldade de apropriação técnica da dança; dificuldade de acesso à instituição; problemas com estrutura organizacional da instituição e incompatibilidades entre os praticantes. Além disso, nem todos os trabalhos são desenvolvidos por profissionais habilitados; bem como, não raro, é desprezado o enfoque na inclusão social, tão importante para esse segmento da população. Dessa forma, os benefícios trazidos pela prática da dança podem ser prejudicados e, até mesmo, comprometer a integridade física das pessoas com deficiência.
Adriana Lage: Todos podem dançar? Por exemplo, sou tetraplégica. Posso dançar? Se sim, como? Existem limites na dança?
Soyane Vargas: Dançar é para todos! Acredito nisso porque a dança mobiliza mais que gestos externos, mas é capaz de mobilizar emoções e sensações internas inerentes a todo ser humano. Além disso, podemos nos expressar de várias formas: através do ritmo respiratório, na forma de olhar, de sorrir ou se emocionar. E mesmo que isso não seja perceptível aos olhos dos outros, pode ser percebido e, principalmente, sentido pela própria pessoa. Experimentar essas sensações é muito importante e pode ser muito prazeroso também! Certa vez recebi uma aluna tetraplégica que, segundo a mãe dela, não reagia a nenhum tipo de estímulo. No entanto, desde o primeiro momento dela em sala de aula, junto com as outras crianças, ela demonstrou entendimento ao seguir minhas orientações com o sorriso e o olhar. Essa reação foi percebida por todos na sala de aula e a mãe se emocionou bastante. Foi maravilhoso para mim também! Por outro lado, sabemos que os limites existem como em tudo na vida, mas as possibilidades podem ser muito maiores.
Adriana Lage: Os profissionais da dança são reconhecidos em nosso país?
Soyane Vargas: Os professores em geral são profissionais pouco valorizados em nosso país, os de educação física e dança não fogem a esta regra, conseqüências do pouco valor dado à educação e às artes de modo geral por nosso sistema político e econômico.
Adriana Lage: Existem competições? Vocês recebem algum tipo de patrocínio?
Soyane Vargas: A competição ainda não é muito meu perfil de trabalho, mas sei que Confederação Brasileira de Dança Esportiva em Cadeira de Rodas promove esse tipo de evento em todo país. E a grande representante dessa modalidade de dança é a bailarina Viviane Pereira Macedo, que é pentacampeã brasileira de Dança Esportiva em Cadeira de Rodas. Entendo que pela beleza e importância da inclusão das pessoas com deficiência através das artes, o patrocínio ainda é pouco expressivo nesse tipo de competição.
Adriana Lage: Em sua monografia, você trabalhou a dança para idosos cegos. Comente um pouco sobre isso. Por exemplo, quais mudanças a dança trouxe para seus alunos?
Soyane Vargas: Minha pesquisa teve como objeto de estudo a comunicação oral do professor, por isto uma preocupação e um enfoque mais didático das aulas ministradas para aqueles idosos. Contudo, empiricamente, percebemos a maior socialização entre eles, além da melhoria da sensação de prazer e bem estar, por meio de relatos informais aos professores. Para os idosos que adquiriram a deficiência visual na velhice, observamos uma melhoria no equilíbrio e na percepção espaço/temporal, para os idosos com cegueira congênita percebemos uma melhoria significativa na condição física deles, já que muitos nunca tinham praticado esse tipo de aula.
Adriana Lage: Caso uma pessoa com deficiência queira dançar, o que deverá fazer? Por onde começar? Quais cuidados devem ter antes de se matricular em uma academia de dança?
Soyane Vargas: Por ser uma atividade física, primeiramente, deve-se procurar orientação médica para saber sobre sua condição de saúde, depois avaliar a acessibilidade do local e, principalmente, saber se lá atuam profissionais de educação física ou dança, habilitados para esse tipo de trabalho.
Adriana Lage: O que mais te traz motivação na profissão? Quais desafios que ainda pretende superar?
Soyane Vargas: Minha motivação é observar o desenvolvimento e a alegria dos meus amados alunos e alunas. Os desafios são inúmeros e diferentes a cada etapa da profissão e a cada nova experiência. Como na vida pessoal, os desafios devem ser encarados com seriedade e superados com ética e dedicação.
Adriana Lage: O custo das aulas de dança é acessível para toda população? Existem projetos gratuitos?
Soyane Vargas: O custo depende da cada local e região, mas em geral, os locais que oferecem dança inclusiva estão vinculados a uma associação do segmento ou a um projeto social e, por este motivo, são gratuitos. Mas, a oferta desses projetos ainda é inferior a demanda de todo Brasil.
Adriana Lage: Como você definiria Soyane Vargas?
Soyane Vargas: Uma humanista convicta que acredita na capacidade de superação de cada um, no valor do ser humano independente de sua raça, etnia, condição socioeconômica e condição física. Uma pessoa que procura superar as dificuldades com o exercício de amor ao próximo e à mim mesma, sem nunca perder a fé em DEUS. Sinto o amor de DEUS em minha vida e, sempre nos momentos difíceis em que mais preciso de apoio, percebo que sou amada por muitas pessoas e que tenho amigos verdadeiros.
Adriana Lage: Qual mensagem deixaria aos leitores da Rede Saci?
Soyane Vargas: A dança pode ser uma deliciosa forma de encontro com você mesmo. Encontre-se!
Adriana Lage: Soyane, você gostaria de deixar algum telefone, blog ou email para contato?
Soyane Vargas: Meu email é soya@oi.com.br e meu blog é: professorasoyanevargas.blogspot.com. Um grande beijo a todos e a todas e obrigada por este prestígio!!!