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domingo, 18 de setembro de 2022

Lançamento de Livro e os 10 anos da Cia Holos

 É com muita satisfação que divulgamos um pouco da experiência, que acumulamos na Cia Holos, registrada em um dos capítulos do livro: 

GINÁSTICA E A PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Livro elaborado em uma parceria com o @gymnusp e diversos profissionais experientes do nosso país, publicado pela editora @editorabagai e lançado dia 15/09/2022.

Nossa temática abordou as possibilidades de aprimoramento do ritmo e da expressividade, das pessoas com deficiência usuárias de cadeira de rodas. Segue o link para maiores detalhes desse livro incrível.

https://editorabagai.com.br/product/ginastica-e-a-pessoa-com-deficiencia-reflexoes-e-encaminhamentos-praticos/




A Cia Holos ganhou esse presente no ano de comemoração dos 10 anos de nossa formação, mas também do conhecimento acumulado pelos anos de pesquisa e experiência de José Guilherme Almeida e Soyane Vargas




domingo, 19 de setembro de 2021

Meus ídolos são os professores.

Em homenagem ao Centenário de Paulo Freire




Em 27 de agosto de 1996, a Universidade Federal Fluminense (UFF) concedeu o título de doutor honoris causa, ao nosso grande educador Paulo Freire. Naquele dia eu estava lá no auditório da UFF e me lembro de três pessoas em especial: o Prof. Paulo Freire, a Profa. Felisberta, que era a diretora da Faculdade de Educação da UFF e a Profa Lia Faria, Secretária Estadual de Educação naquele período. 


Não me recordo se os professores estaduais estavam em greve, mas no momento do discurso da Secretária de Educação, alguns deles na plateia começaram a se manifestar de forma muito intensa. Por causa daquela manifestação, a secretária solicitou que a guarda municipal entrasse no palco para lhe "proteger". Ao olhar para trás e perceber a entrada dos guardas, a professora Felisberta demonstrou sua indignação com a atitude da secretária, seu respeito aos professores na plateia e exigiu a saída de todos eles. Paulo Freire, o convidado de honra daquela noite, observava toda movimentação com leve sorriso no rosto e, em seu discurso, ressaltou a importância de todos que lutam por melhores condições de trabalho no magistério, mas também declarou seu amor e admiração por sua esposa Nita (como ele se referiu na época).

Logo após o evento, a UFF organizou um jantar para Paulo Freire. Ao chegar um pouco atrasada ao restaurante Solar do Jambeiro, todas as mesas estavam lotadas e a única mesa com lugar disponível era justamente a que Paulo Freire estava sentado, com sua esposa, Profa. Felisberta, entre outros professores. Sem acreditar na sorte que tive, fiquei paralisada e muito emocionada também. 

O tempo todo só fiquei observando a alegria daqueles professores naquela mesa. Mesmo muito timida na época, não desgrudei meus olhos da conversa animada entre Paulo Freire e a profa. Felisberta. Eu já com 26 anos de idade estava ali feito adolescente diante de um ídolo pop, encantada com aquela oportunidade. Um dado momento do jantar, como todo bom e atento professor, ele percebeu meu encantamento e mandou um beijo pra mim com uma das mãos, eu retribuí da mesma forma e jamais esqueci aquela noite tão especial. O corpo fala de verdade e, aquele pequeno gesto, comunicou muita grandiosidade. Meus ídolos de fato são os professores.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Manejo da cadeira de rodas.

Por José Guilherme Almeida e coorientação de Soyane Vargas 

Artigo com base no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do José Guilherme Almeida.
https://www.efdeportes.com/efd176/a-danca-em-cadeira-de-rodas.htm

quinta-feira, 4 de março de 2021

Detalhes de uma vida.

 João filho eterno

Amor infinito❤

Desse olhar que traz a mim

a tradução do que é viver.

Nos registros de uma vida, 

que amo e vi crescer.

Na intensidade desses detalhes,

que fazem a grande diferença,

Nessa breve passagem aqui na terra,

mas muito intensa.

🙏💕


Quintal do Marco Antônio em Arraial do Cabo, traduzido pelos traços da grande artista Xu. 

Um lugar onde João brincou uma boa parte de sua infância.

Talvez ali ele tenha começado a se encantar com a natureza e o mar. 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Energia Vital

 Não tenho como ver o mar


E não ver você


Não tenho como ouvir uma música


E não ouvir você


João energia viva


Em meu coração.


sábado, 13 de fevereiro de 2021

Pegadas na Areia

Desde a partida do João procuro diariamente meditar e me conectar com ele, muitas vezes faço isso ao caminhar na areia da praia, lugar com uma energia incrível e que ele amava.

Às vezes, não tenho tanta força e me permito a isso também, mas ontem aconteceu algo muito especial, depois de uma semana com notícias difíceis. Decidi andar bastante e, para não desistir pela distância, resolvi não olhar para o horizonte (postura importante para a coluna e para nossos pensamentos) e sim olhar para a areia. E dela veio a mensagem que precisava e, por meio da natureza, Deus me amparou novamente ao vir em minha mente o poema "Pegadas na areia". 

Ali estava a mensagem que precisava, por ela Deus falou em meu coração. Com ela sigo minha caminhada dia a dia, buscando me sustentar e também amparar quem precisa dos meus braços. 



quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

A cada amanhecer - Every Dawn


Por Soyane Vargas

Não tenho desejos para 2021, a não ser o de seguir adiante. Na situação atual, nem mesmo consigo estabelecer metas de médio e longo prazo. O importante é saber que nada é definitivo, por isto vale a luta.

Tenho lutado para ainda apreciar cada amanhecer e pensar no que ainda posso fazer de bom e significativo a cada dia. Galgando cada vitória diária como força para continuar seguindo, reconhecendo os entraves e percalços da vida, como desafios a serem enfrentados com sabedoria e equilíbrio. 

Quando saio do prumo, eu mesma me resgato com a força interior que temos, cada um de nós. Com a luz divina que nos enche de fé. E se minha mente faz meus pés saírem do chão, pouso novamente sem perder o olhar no horizonte. 

Enfrentamentos da vida que nos reconstroem a cada dia. E como diz Angel Vianna: "Gente é como nuvem sempre se transforma."

Que assim seja para nossa evolução pessoal e espiritual.


segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Filho, amor eterno


   Às 18h03min do dia 30 de novembro de 1998, dei à luz por parto natural a um menino de 51cm e 3.525 kg, João Vítor. O nome foi sugerido pela avó paterna dona Luzia e adotado por nós.O parto de primeiro filho, em geral, tem um processo mais longo e assim foi, mas João (ou JV, como o chamo) veio ao mundo sem maiores problemas, chorou e logo começou a mamar cheio de disposição. Com leite materno exclusivo, o amamentei até os seis meses de idade, depois junto com outros alimentos foram por dois anos completos. O cuidado com bons alimentos para saúde dele sempre foi uma preocupação.

    Desde cedo João sempre participava dos encontros sociais, além de frequentar constantemente os campos de futebol comigo, para assistir a participação do pai como jogador. Naqueles locais, corria e brincava com bola sempre muito à vontade. Creio que essa experiência na infância, o influenciou a desenvolver sua paixão por futebol e pelo time do flamengo. E assim, de escolinha em escolinha de futebol e natação, João seguiu no campo esportivo.

    Posteriormente na escola sempre esteve envolvido com as competições, sempre participava de diversas modalidades e se destacava como um jogador aguerrido e cheio de energia. Nesse aspecto, João se assemelhava ao pai, porque nunca gostei muito de competições esportivas, mesmo sendo da área de educação física, o incentivava pouco. No entanto, o deixava livre para escolher aquilo que desejava fazer na vida. Desde que os estudos também fossem levados a sério.

    E dessa forma, João estava conquistando seu espaço. Na escola sempre foi um aluno mediano, que nunca demonstrou dificuldades de aprendizagem. Ao terminar o ensino médio, cogitou viver apenas de sua segunda paixão: a música. Na música ele recebeu minha influência, mas foi muito além de mim, apresentando-me lindas canções da minha juventude e adolescência. Autodidata na música tocava diversos instrumentos e trazia a energia de músicas incríveis em casa. Sonhava em ser atleta e músico, eu dizia que essas duas coisas ele já era e só precisava estudar mais, não só para ter uma profissão, mas principalmente para abrir a sua mente. E foi orientado por mim a frequentar qualquer curso de nível superior, para que ele amadurecesse como pessoa e ampliasse suas ideias, reflexões e pensamentos.

    Para nossa felicidade, João começou a cursar licenciatura em biologia, na Universidade Federal Fluminense. Ao ingressar na universidade, começou a perceber que o mundo iria muito além do seu ciclo de amizade e família. No curso de biologia, começou a se encantar por metabolismo celular, uma grata surpresa para mim porque também foi um dos meus encantos na faculdade de educação física. Pensava que apenas temas ligados ao meio ambiente seria atrativo para ele, já que escolheu o curso de biologia por esse motivo.

    No entanto, um distúrbio do sono que parecia simples e corriqueiro tirou a vida do João. O sonambulismo interrompeu a vida de um jovem, que estava apenas começando a se encontrar como pessoa e profissionalmente.  Inclusive no futebol, onde iria realizar seu grande sonho de treinar em um time de Portugal. Sua viagem estava marcada para dois dias depois da fatalidade, que o levou de nós. Tudo organizado, tudo preparado para ele viajar, mas da extrema alegria caímos na extrema tristeza, com sua passagem aos 21 anos de idade.

    João teve uma infância feliz, ativa, tranquila e se tornou um rapaz sempre amado e admirado não só por mim como mãe, mas também por aqueles que convivia e compartilhava sua energia e alegria de viver. Com minha irmã e ao meu cunhado João era cuidado como filho deles também. Para o irmão e minhas sobrinhas sempre foi e sempre será uma referência de como viver intensamente de forma alegre, honesta e plena. Para o pai o eterno Greguinho. Para mim o amor eterno, que cultivo diariamente até o fim dos meus dias aqui, com a missão de honrar sua existência e alertar outras famílias sobre o sonambulismo.

    Alertem seus amigos e familiares, porque o sonambulismo dele era leve e mesmo assim o tirou de nós.

A Tatuagem no abdomem é traduzida por
ESTRELAS DO AMOR ESPALHADAS COMO FLORES
A mesma agora é capaz de traduzir João.





quinta-feira, 21 de novembro de 2019

"🎶🎶Foi por medo de avião🎶🎶" (Fear of Plain)


Não viajo de avião frequentemente, então acho natural sentir um pouco de medo, mesmo tendo conhecimento que ainda é o transporte mais seguro.

 No caminho após o embarque fiz uma oração para me equilibrar, olhei para aeronave, a imaginei decolando e pousando perfeitamente.

Ao procurar meu assento na parte de trás fui reparando os rostos das pessoas, algumas já sentadas tranquilamente, outras sorrindo, conversando ou concentradas em seu fone de ouvido. Imaginei que só eu sentia aquele medo chatinho e um pouco de tensão pré decolagem. 

Os tripulantes fizeram as orientações de praxe e o avião iniciou seu processo de decolagem quando, repentinamente, um barulho na parte de baixo do avião e uma freada brusca fez tudo mudar. Aquelas pessoas tranquilas se mexiam procurando entender o que tinha acontecido, campainhas soavam chamando as aeromoças, as pessoas passaram a olhar umas para as outras e a movimentar seus corpos, viravam de um lado para o outro, conversando em tom mais alto e querendo saber o que teria acontecido.

A primeira coisa que imaginei foi: o avião não tinha decolado, assim tudo iria se resolver. Comecei a observar as pessoas e a expressão corporal de cada uma delas, naquele momento de tensão.  A segunda coisa que percebi foi: o medo aproxima as pessoas e as move coletivamente. E a terceira coisa que me veio a mente foi: sou mais tranquila que pensava. 

Dei um leve sorriso, decidi relaxar e aguardar as orientações da tripulação, procurando um artigo interessante na revista da companhia aérea para ler. Ali me deparei com um texto, que reflete muito tudo que tenho vivido nos dias atuais. 

Graças ao susto, saí mais fortalecida que entrei, mas atribuo isto às palavras seguras da psicanalista Maria:

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Escola e Poesia - School and Poetry

A psicóloga Sandra Barros com seu livro infantil, compartilhando carinho e conhecimento para que possamos aprender a lidar melhor com nossos sentimentos.  


"O menino que aprendeu a sentir" escrito por ela, uma avó maravilhosa que transformou a história de vida do seu próprio neto em uma bela poesia, traz a singela beleza de uma infância e algumas das formas que podemos lidar com o medo e a tristeza, que também fazem parte da vida. 
A experiência em nossa escola, não poderia ter sido mais incrível. Por um simples acaso, nos deparamos com uma turma que teve perdas significativas. E a emoção pulsou a flor da pele em todos nós.  

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Centro Cultural da ETEHL - Cultural Center


Palácio Guanabara de Portas Abertas. Evento que inaugurou uma série de apresentações culturais, nesse lugar belíssimo da população carioca. 
#ciaholosdedançateatro
#centroculturalcetepbarreto
#EscolaTécnicaEstadualHenriqueLage
#Ensinopúblicotemqualidade

http://www.faetec.rj.gov.br/index.php/institucional/assessoria-de-comunicacao/noticias/793-governo-do-estado-faz-homenagem-as-maes-no-palacio-guanabara-com-a-participacao-dos-alunos-da-faetec

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

ENSINO DOMICILIAR

https://youtu.be/sHFhKusAclU


SERIA CÔMICO SE NÃO FOSSE PERVERSO!!
Mesmo nos primórdios da civilização, a formação de uma criança ou adolescente poderia ser acompanhada por preceptores, ou seja, pessoas incumbidas e preparadas para educar, não diretamente os pais. No entanto, apenas a nobreza tinha acesso a esse tipo de ensino. Hoje, como professora e mãe, sei que é inviável para maioria das famílias gerir esse ensino formal em casa. Quem de nós tem tempo pra isso? Quais, de grande parte dos responsáveis, dariam conta de tanto conhecimento, senão pela diversidade de disciplinas que temos na escola e pela complexidade delas?
Sabemos também que, por ignorância e falta de consciência do valor da escola, muitos responsáveis só mantém as crianças nela, pra não serem responsabilizados juridicamente. Outros ainda exploram a força de trabalho de crianças, que deveriam estar estudando.
Para aqueles que podem pagar os melhores professores em suas casas, parece cômodo sim e até interessante para se manter em suas bolhas, mas para maioria da população é um perverso retrocesso. Mais crianças fora da escola, futura mão de obra barata. Alguns desse governo pintam de loucos, mas no fundo sabem exatamente o que estão fazendo.

sábado, 24 de março de 2018

"O caminho se faz ao caminhar " (Antônio Machado)

Andanças e apredizado a cada nova experiência, a cada novo caminho. Lecionar com e para as atividades físicas (dança, ginástica, jogos e recreação) me aproxima das possibilidades humanas de desenvolvimento e aprendizado. Cria-me esperança para uma sociedade mais igualitária nas oportunidades de acesso à informação, às ciências e ao bom uso delas. Possibilita-me reconhecer algo de profundo e transcendental em nosso interior e para além dele, incapaz de ser traduzido em palavras, mas pelas sensações e percepções no mundo que vivemos. Caminhar é estar em movimento, é elaborar e reelaborar caminhos, encontros, reencontros, desencontros e presença. Identificar regras para superá-las a cada nova necessidade coletiva. Movimentar-se para evoluir e acreditar na possibilidade de mudanças dentro e fora de cada um de nós. Descobrir-se nas limitações e se fortalecer para identificar e apaixonar-se pelo potencial latente. Estar flexível no corpo e na mente. É resistir para perseverar.  

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Movimento, dança e criatividade

Para Laban (1978), o domínio do movimento tem como eixos: a parte do corpo que se move, a direção, a velocidade e a intensidade. Dimensionados no espaço, tempo e peso. Combinados com ações funcionais de empurrar, saltar, girar, rolar. Impulsionados pela emoção, sentimentos e percepção do meio que nos cerca. 
Essa definição por si só, já favorece um potencial criativo e libertador, tornando qualquer pessoa capaz de se expressar pela dança. Além disso, ao combinar os movimentos corporais no espaço, na interação ou não com outras pessoas e/ou objetos em um determinado ritmo, seja o musical ou o ritmo do próprio corpo, descobrimos uma essência humana que baila. 
Muitas pessoas acreditam não serem capazes de dançar, por não identificarem ou reconhecerem sua capacidade rítmica e de coordenação motora para expressão corporal. No entanto, esse potencial só depende de um canal apropriado para ser descoberto, porque movimento e ritmo caminham lado a lado. 


Referência:
LABAN, Rudolf. Dominio do Movimento. ED.Summus, 1978.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Benefícios para quem dança

Para a cultura oriental a dança estimula o 'Chi', considerado algo além de nossa energia vital, que está em nossa essência. Em nossa cultura sabemos que a dança promove sensação de prazer e bem estar, estimulando a liberação de endorfina e serotonina, que são considerados os hormônios da felicidade. Além disso, os exercícios técnicos podem melhorar a postura, o condicionamento físico, a flexibilidade, o equilíbrio, o ritmo, a expressão corporal e a coordenação motora; bem como, a montagem coreográfica estimula a memória. Para muitos, dançar também aumenta a auto estima e a auto confiança. Com todos esses benefícios dá pra ficar parada? 



quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Jazz Dance Fit

Jazz Dance é uma dança com base no improviso e na mistura de técnicas de outros estilos, desenvolvida de forma mais estilizada.  Sua raiz é popular em sua essência e está ligada ao surgimento do ritmo musical nos Estados Unidos, com influência africana muito forte. 
Jazz Dance Fit visa, além do aprimoramento técnico dessa dança, aprimorar também a performance do praticante de modo a aumentar a flexibilidade, a força e a resistência física de forma prazerosa.
Formada em educação física, com a experiência na dança e na ginástica desde 1984 e especializada em didática do ensino da dança e ginástica pela UERJ, pretendo tornar acessível essa prática para todas as pessoas. 


   

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Método Holos: uma proposta para a dança inclusiva com cadeira de rodas

Profª Ms Soyane Vargas e Prof. Ms José Guilherme Almeida

Resumo

Holos é uma palavra grega que significa holístico ou holismo. Nessa visão holística consideramos que o ser humano ou outros organismos não podem ser explicados pela soma de suas partes, mas levamos em consideração o todo, defendendo que o todo determina o comportamento de suas partes. Na visão holística o mundo está integrado como um organismo (CAPRA, 1982).

Didática:
¢Objetivo: para que ensinar?
¢Conteúdo: o que ensinar?
¢Método: Como ensinar?

Dança
A dança tem se apresentado como uma excelente possibilidade de integrar pessoas com e sem deficiência, na prática de atividades físicas e no acesso à arte. A proposta de unir pessoas com e sem deficiência sob a mesma prática exige uma especificidade que não é atendida pelos modelos estabelecidos, sem negar o conhecimento produzido até o presente, pois é nele que nos baseamos para direcionar a prática da dança inclusiva.

Procedimentos que antecedem 
à aula
Verificados os quesitos da acessibilidade, passamos ao direcionamento individual da proposta para cada aluno, sendo essencial conhecê-lo a partir da anamnese (idade, histórico do tipo de deficiência, da evolução, das práticas em reabilitação e atividades físicas e expectativas dos alunos) e, especialmente, da avaliação funcional dos movimentos existentes e dos sentidos remanescentes. No caso de usuários de cadeira de rodas, avaliamos o domínio das técnicas de manejo da cadeira de rodas, a funcionalidade do tronco e membros superiores. No caso de pessoas com outras deficiências, a coordenação motora, o equilíbrio, o deslocamento e a amplitude de movimentos. Por isso, um pré-requisito importante é o conhecimento das características principais de cada tipo de deficiência, em geral, para correlacioná-las com as características individuais de cada pessoa, em particular.
    Uma exigência para a segurança tanto do aluno quanto do profissional no desenvolvimento da proposta deve ser a apresentação do atestado médico.

A aula propriamente dita

Após todo o procedimento de preparação, passamos ao desenvolvimento da aula propriamente dita de dança inclusiva com cadeira de rodas, subdividindo didaticamente a seguir, para melhor compreensão e organização.

Primeira parte: preparação 
para a aula

Ao iniciarmos a aula, observamos a importância do contato professor/aluno/bailarino, especialmente ao postularmos o papel da relação entre estes, essencial na mediação do conhecimento e no alcance dos objetivos propostos. Quando o professor inspira confiança pelo conhecimento que possui, boa capacidade de comunicação, empatia, atenção e flexibilidade na relação com o aluno/bailarino, pode favorecer a maior disponibilidade deste para realização das atividades propostas em aula.
    Nesse momento, propomos conversar sobre a aula, contextualizando o conteúdo proposto, considerando os conhecimentos trazidos pelos alunos/bailarinos para traçar os objetivos, direcionar sua estrutura, aprimorar conceitos rítmicos e/ou utilizar dinâmicas que estimulem a atenção, a concentração, a expressão facial e corporal. Utilizamos uma duração de 5 a 15 minutos para estas atividades.

Segunda parte: aquecimento corporal
Essa etapa da aula tem como objetivo preparar o corpo buscando condições ótimas pra melhoria da condição orgânica para o esforço, melhoria da capacidade geral de coordenação dos movimentos, otimização psicológica para o esforço e prevenir lesões (FARIA JUNIOR, 1999).
    Além dos objetivos fisiológicos, devemos nos valer desse momento para a interação entre os alunos e para estimulá-los na participação da aula.
    Dentre as atividades utilizadas nessa parte estão: movimentação de diversos músculos e articulações, deslocamentos em diferentes planos e direções, alongamentos, jogos teatrais dinâmicos, entre outras relacionadas ao movimento, ao ritmo e a expressividade. Propomos uma duração de 5 a 15 minutos.
    É importante lembrar que os movimentos devem ser direcionados às possibilidades e especificidades de cada aluno. Por exemplo, os usuários de cadeira de rodas demandam um aquecimento maior dos membros superiores do que os andantes, e os andantes demandam expressivo aquecimento dos membros inferiores, de forma que as propostas devem atender às especificidades de todos os alunos.
Terceira parte: aperfeiçoamento 
da técnica

 De acordo com a proposta coreográfica, aprimoramos a técnica a ser utilizada. Consideramos um momento importante, que necessita respeitar os níveis de conhecimento do profissional em relação ao estilo de dança que ele domina e a técnica específica da dança em cadeira de rodas, que aqui é defendida como um estilo próprio.
    Durante 15 ou 30 minutos, trabalhamos de forma diferenciada de acordo com a necessidade e potencial de cada aluno/bailarino. É preciso levar em consideração as habilidades motoras, os conhecimentos prévios, o condicionamento físico, as características da deficiência e a adaptação do sujeito a elas, de forma a direcionarmos as propostas eficientemente, proporcionando um desenvolvimento qualitativo do ser na dança.
    Dividindo a turma em grupos pra melhor organização e andamento da aula, propomos, por exemplo, para os andantes o desenvolvimento das técnicas já estabelecidas pela dança ordinária (balé clássico, jazz dance, dança contemporânea, etc.). Desde deslocamentos até giros e saltos, respeitando a proposta adotada pela turma, desenvolvemos o potencial individual do aluno/bailarino.
    Para usuários de cadeira de rodas, o domínio das técnicas de manejo da cadeira de rodas é essencial no desenvolvimento da autonomia, diversidade e fluidez (ALMEIDA, BOMFIM, 2013). Diversas habilidades podem ser desenvolvidas nesse momento, como: deslocamento para frente; deslocamento para trás; giro completo; meio giro; 1/4 giro; virar na diagonal; giro em volta; passar por cima; sair da cadeira; inclinação lateral; empinar frontalmente e empinar para trás, por exemplo. Podendo utilizar velocidades e intensidades diferentes, variando os direcionamentos, entre outros estímulos. Esses exercícios podem ser propostos em correlação com a música, dificultados com obstáculos e realizados em interação com um parceiro cadeirante.
    Enquanto isso, para pessoas com deficiência visual, podemos desenvolver o equilíbrio e a percepção rítmica através do tato, além de estimular o desenvolvimento das técnicas já estabelecidas pela dança ordinária com especial atenção ao desenvolvimento da consciência corporal por meio do direcionamento oral e tátil.
    Dessa forma, buscando os pontos necessários a cada um, podemos seguir realizando adaptações para pessoas com deficiência auditiva, deficiência intelectual, idosos, entre outros.
    Além dessas propostas por grupo, desenvolvemos momentos de interação, especialmente em duplas, priorizando as formações de uma pessoa com e outra sem deficiência, ou de duas pessoas com deficiências/potencialidades diferentes.
 Quarta parte: composição
 Esta fase tem por objetivo a utilização da técnica desenvolvida na composição coreográfica. Ao longo de 15 ou 30 minutos, podemos definir um tema e uma música/trilha sonora, e a partir das técnicas trabalhadas e as que os alunos/bailarinos já possuem, buscamos desenvolver uma composição coreográfica.
    No processo de composição é imprescindível utilizarmos a pesquisa de movimentos que comuniquem o tema escolhido, especialmente abrindo espaço para que os alunos possam explorar suas possibilidades. A interação entre os alunos/bailarinos também se faz essencial, tanto no quesito espaço e tempo, como na realização de movimentos em dupla, trio ou grupo.
    Juntamente ao processo de composição, definimos os desenhos da coreografia, os quais devem ser cuidadosamente pensados para que a pessoa com deficiência, em especial os usuários de cadeira de rodas não sejam encobertos por alunos/bailarinos sem deficiência, tanto em localização quanto em exibição (performance). Temos preferência por colocar as pessoas com deficiência em evidência tanto quanto os alunos/bailarinos sem deficiência, sob a intenção de ressignificar suas relações sociais e sua presença no palco em equidade. Todos devem assumir um papel importante na coreografia.
Quinta parte: finalização
Num período final de 5 a 10 minutos, objetivamos retornar a um estado fisiológico mais próximo do repouso, compensando os estresses produzidos durante a aula, nos valendo de atividades com alongamentos e relaxamento corporal.
    É importante considerar que, numa turma de dança inclusiva com cadeira de rodas, os diferentes sujeitos se valem de diferentes movimentos, culminando em diferentes esforços e estresses. Sendo assim, precisamos direcionar um relaxamento que se adéqüe às possibilidades e necessidades corporais de cada sujeito presente na aula.
    Por exemplo, usuários de cadeira de rodas necessitam de maior relaxamento nos membros superiores e no tronco, em especial, na região lombotorácica da coluna vertebral, enquanto isso, pessoas sem deficiência podem necessitar de maior relaxamento nos membros inferiores, e pessoas que utilizam muletas tendem a necessitar de maior relaxamento na região cervical e dos ombros.

Algumas considerações
Ao longo desses anos temos conseguido realizar trabalhos coreográficos com qualidade artística, aprimorando o potencial dos alunos/bailarinos com e sem deficiências, com grande possibilidade de melhoria da qualidade de vida dos praticantes. No entanto, encaramos cada aula e cada novo trabalho como um desafio a ser enfrentado, especialmente por saber que, antes de tudo, lidamos com seres humanos que são influenciados e influenciam significativamente em todo processo.
    Nossa proposta tem por eixo central a participação em igualdade de condições, construída a partir da valorização do potencial individual de cada sujeito; ou seja, valorizando-o numa perspectiva holística, independente deste possuir deficiência ou não. Com o estabelecimento de cinco (05) partes para o direcionamento do trabalho, buscamos oferecer subsídios para o desenvolvimento de uma dança que transcenda propostas com um tipo de deficiência, um nível de habilidade e um tipo corpo específico, possibilitando a inclusão de diferentes sujeitos na dança.
    Propomos um método sistematizado mas não fechado, (re)construindo-o a partir de novas experimentações realizadas a cada aula, e a medida que interagimos e aprendemos com todos. 

Referência Bibliográficas
ALMEIDA, José G. A., BOMFIM, Soyane A. V. do. Manejo da cadeira de rodas, uma investigação metodológica para a dança em cadeira de rodas. Lecturas, Educación Física y Deportes, Buenos Aires, año 17, n. 176, jan. 2013. http://www.efdeportes.com/efd176/a-danca-em-cadeira-de-rodas.htm
ÁVILA, N. R. de. O sentido subjetivo da dança sobre rodas. Brasília: [s.n.], 2005. ix, 120 f. il. Dissertação (mestrado). Faculdade de Educação, Universidade de Brasília.
BERNABÉ, R.. Dança e deficiência: proposta de ensino. Campinas, SP: [s.n.], 2001. 97 p. il. Dissertação (mestrado). Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas.
BOMFIM, Soyane A. V. do. ALMEIDA, José G. A., SANTOS, Dayana F. dos. Representações da dança inclusiva com cadeira de rodas para pessoas com deficiência. Lecturas, Educación Física y Deportes, Buenos Aires, año 17, n. 167, abr. 2012.
CAPRA, F. O ponto de Mutação. São Paulo: Cultrix, 1982.
ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Zahar, 1994
ELIAS, Norbert; SCOTSON, John L. Os estabelecidos e os outsiders, sociologia das relações de poder a partir de uma pequena comunidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
FARIA JUNIOR, Alfredo Gomes de. A aula para idosos. In: D’ÁVILA, Félix Ginástica, dança e desporto para a terceira idade. Brasília: SESI/DN; INDESP, 1999.
FERREIRA, Eliana L. Corpo-movimento-deficiência: as formas dos discursos da/na dança em cadeira de rodas e seus processos de significação. 2003. 243f. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física, Campinas, SP: [s.n], 2003.
FERREIRA, Eliana L. Dança em cadeira de rodas: os sentidos da dança como linguagem não-verbal. 1998. 153f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física, Campinas, SP: [s.n], 1998.
FERREIRA, Eliana L. Dança Esportiva em Cadeira de Rodas. In: FERREIRA, Eliana L. Atividades Físicas Inclusivas para Pessoas com Deficiência. 2. ed. Niterói: Intertexto, 2011. vol. 5.
FERREIRA, Eliana L. Proposta metodológica para o desenvolvimento da dança em cadeira de rodas. Conexões, Campinas – SP, vol. 6, p. 38-48, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª Ed. Rio de Janeiro: paz e Terra, 1987.
FUX, M. Depois da queda... dançaterapia!. São Paulo: Summus, 2005.
GOFFMAN, ErvingEstigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.
MARTINS, S. Sobre rodas...? :exemplo de singularidade. In: BIÃO, Armindo; PEREIRA, Antonia; CAJAÍBA, Luiz Cláudio; PITOMBO, Renata (org.). Temas em contemporaneidade, imaginário e teatralidade. São Paulo: Annablume, 2000. p. 266-268. Outra imprenta: Salvador: GIPE-CIT.
MATTOS, E. de. Perspectivas das pesquisas em dança em cadeira de rodas. Conexões: Educação Física, Esporte, Lazer, Campinas, SP, n. 6, p. 75-77, 2001.
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SILVA, E. M. da. Para além da dança: o caso Roda Viva. Natal: [s.n.], 2006. 130 f. il. + anexos. Dissertação (mestrado). Centro de Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
TOLOCKA, Rute E. VERLENGIA, Rozangela. (Org.) Dança e diversidade humana. Campinas, SP: Papirus, 2006.
VARGAS, S. Dança sobre rodas: desafios e possibilidades. Lecturas, Educación Física y Deportes, Buenos Aires, año 13, n. 122, jul, 2008. http://www.efdeportes.com/efd122/danca-sobre-rodas-desafios-e-possibilidades.htm



quarta-feira, 4 de novembro de 2015

CIA HOLOS DE DANÇA TEATRO

Um presente para nós dividir o palco com a grande bailarina Ana Botafogo


 Cia Holos de Dança Teatro - Teatro da UFF - Projeto Migrações

 FRAGMENTO DE ¨ LAPA

Coreógrafos  Soyane Vargas, José Guilherme, e Fidel Reis - Intérpretes: Bárbara Braga, Bel Bebel, Ety Faria, Fidel Reis, José Guilherme, Jordan Cardoso, Kolynos, Natália Caetano, Símie Avelino.
Fotografia: Manoela Lemos, Joana Kossatz e Marian

https://youtu.be/2lm4i68ITt8